sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O significado biológico da morte

          Uma reflexão profunda sobre a vida tem necessariamente de levar em conta a morte; afinal, todo o ser vivo esta sujeito a morrer. A qualquer instante, pelos mais diferentes motivos, o processo vital pode ser interrompido.
          O que é vida, o que é morte? No contexto biológico, vida é sinonimo de alta organização, mantida á custa de dispêndio de energia. A morte é o processo irreversível de perda da atividade altamente organizadas que caracteriza vida.
          Vamos voltar aos primórdios de nosso planeta e refletir um pouco sobre o aparecimento da vida na Terra. Podemos dizer que a vida surgiu efetivamente quando aqueles primeiros seres foram capazes de se reproduzir. Assim, a reprodução foi a maneira encontrada para que a vida se perpetuasse, contrapondo-se á inevitabilidade da morte.
          Graças á "invenção" da reprodução, os seres vivos venceram a morte, pelo menos por enquanto. Indivíduos  morreram, espécies se extinguem, mas a vida, como fenómeno planetário, continua a existir ininterruptamente desde sua origem.
          Existem seres vivos que, salvo acidente, não morrem, embora deixem de existir como entes individuais. Uma célula que se reproduz por divisão binária não morre; apesar de desaparecer, sua existência  adquire nova forma, perpetuando-se em suas filhas.
          Certos seres multicelulares, como as esponja se alguns celenterados e vermes, são capazes de se reproduzir por fragmentação, continuando a viver em seus descendentes simples, todavia, possuem essa capacidade.
          Os seres multicelulares mais complexos tiveram de sacrificar,em função da própria complexidade, sua vida individual, já que não é possível, para um ser dotado de órgãos e sistemas complicados, reproduzir-se por simples divisão em dois. A maioria dos animais e das plantas morrem ao fim de algum tempo. A única coisa que varia é a duração da vida e a maneira de morrer.
          Os seres mais complexos desenvolveram uma maneira muito peculiar de vencer a morte: dois indivíduos de sexos diferentes produzem gâmetas, que se unem para originar o zigoto. Nessa primeira célula serão misturadas suas receitas genéticas. Ao longo do processo embrionário, as receitas genéticas dos pais vão sendo duplicadas e transmitidas para cada nova célula que surge. No nova ser, de certa forma, os pais permanecem vivos.
          Os seres humanos talvez sejam os únicos que tem consciência de que sua vida individual chegara ao fim. Poucas pessoas conseguem encarar com naturalidade o fenómeno absolutamente inevitável que porá fim a sua existência individual.
          A humanidade tem enfrentado inúmeras maneiras de morrer: moléstias da infância, acidentes da adolescência, infecções virais e bacterianas da idade adulta e as doenças degenerativas da velhice :colapsos cardíacos, artrite, câncer e arteriosclerose.
          Apesar das dificuldades, seria bom se nos preparássemos para a morte. Um dia, toda a incrível organização que nos faz viver será desfeita. o interior de nossas células, outrora formado por um monumentalaparato molecular funcional, se transformara gradualmente em uma "sopa" de moléculas orgânicas caoticamente reunidas. Muitos outros seres, os de compositores, irão se banquetear com nossas substancias orgânicas para eles nutritivas. E a vida continuara a existir. Resta-nos um consolo: nossa morte, com certeza, criara vida.
                                   
                                    Texto copiado do livro: BIOLOGIA MODERNA
                                     De: AMABIS E MARTHO

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